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Ofícios

Ofícios Especiais de Celebração
São ofícios realizados em datas significativas para uma pessoa, família ou comunidade como, por exemplo, na inauguração de um templo, um imóvel comercial ou residencial, um oratório residencial, aniversários de nascimentos, bodas, ingresso na faculdade, formatura, etc., em que temos a oportunidade de ouvir o Darma e, na recitação do Nembutsu, nos alegramos e agradecemos ao Buda Amida pelo Voto Original de salvação universal.

Ofício Fúnebre e Ofícios Memoriais – Rindyûgongyô e Makuragyô
O Rindyûgongyô é um ofício realizado junto à pessoa em seu leito de morte. Antes que ela dê o último suspiro, os membros da família, junto com o monge, realizam a leitura de sutra ou texto sagrado, para que até mesmo o último momento seja uma oportunidade de ouvir o Darma e de agradecer à Compaixão do Voto Original do Buda Amida que assegurou toda a sua vida e, agora, na sua morte, fará com que, infalivelmente, nasça na Terra Pura. Para os familiares é o momento mais difícil da vida, o momento da despedida de um ente querido, mas que deve ser feito com muito respeito e gratidão por tudo que ele significou nesta vida e, após a sua morte, tornando-se Buda, passará a orientar todos os que aqui ficam para o Caminho da Terra Pura. Portanto, na oportunidade deste ofício, os familiares recebem dele o último ensinamento budista, isto é, a verdade sobre a transitoriedade desta nossa vida terrena! Esta vida é única, não pode ser repetida nem substituída por ninguém! Nesta reflexão, podemos nos conscientizar sobre a importância de nos dedicar cada vez mais a ouvir o Darma e conduzir o dia-dia da nossa vida junto ao Nembutsu.

Porém, com o passar do tempo, tornou-se cada vez menos freqüente presenciar o momento final da vida de entes queridos. Assim, hoje em dia, é muito raro realizar o Rindyûgongyô. E, em virtude disso, passou-se a realizar o Makuragyô ou Makurakyô que significa, literalmente, “sutra de travesseiro”. Este ritual consiste na leitura do sutra logo após o falecimento da pessoa, enquanto ela ainda se encontra sobre o travesseiro. Porém, em verdade, até mesmo o Makuragyô está se tornando cada vez mais incomum hoje em dia.

Ofício Fúnebre – Sôshiki ou Sôgui
O Ofício Fúnebre, Sôshiki, é realizado de corpo presente na residência do falecido, no templo, ou em velório antes da cremação ou sepultamento. O ofício consiste em uma série de rituais que se iniciam com a entronização de um envelope com o Nome do Buda Amida e os dados da pessoa falecida, inclusive, o nome búdico (caso a pessoa não tenha recebido em vida participando na Cerimônia de Tomada de Refúgio, Kikyôshiki, ela receberá neste ofício fúnebre) que passa a ter importância maior para se referir ao ser que agora se tornou Buda. No ofício, em geral, é cantado o Shoshinguê, enquanto os familiares e os demais presentes oferecem incenso ante o altar do Buda Amida. Após as condolências e o tributo, o monge transmite o Darma iniciando ou terminando com a leitura das “Cartas do Mestre Rennyo”, em especial, do “Capítulo sobre as Cinzas Brancas”. O ofício encerra-se com o cântico do hino “Mihotoke ni idakarete”. Depois, o corpo é preparado e conduzido para o crematório ou cemitério. E, minutos antes de ser sepultado ou cremado, faz-se um breve ritual com leitura de Gatha, antes da despedida final.

Assim como nos ofícios Rindyûgongyô ou Makuragyô, este momento de extrema tristeza, principalmente para os familiares que ficaram, é, por outro lado, também o momento mais importante de nossa vida, pois, recebemos a chance de ouvir os ensinamentos do Buda e encontrar o verdadeiro caminho pelo qual valorizamos nossa vida através do ensinamento que o próprio falecido nos transmite: a verdade sobre a vida, transitória e passageira, que só poderá ser de fato valorizada no encontro com o Darma.

Altar Familiar
O “butsudan”, ou altar budista familiar, inspira em cada membro da família um profundo sentido espiritual. O altar familiar e a prática de sua manutenção servem de espelho para que cada indivíduo veja a verdadeira natureza do “eu” e sinta o despertar pleno de sua espiritualidade. O Darma do Buda aprofunda nossa compreensão do cotidiano e nos desperta para as condições que sustêm a vida. O adepto da escola do Shin Budismo da Terra Pura dispõe o altar familiar num local central e de destaque na casa. Sua presença evidente encoraja a prática de superar a ignorância e ouvir o Darma com mais diligência.

O Hongwanji-ha não estabelece normas ou regras quanto ao tipo de altar. No entanto, há algumas diretrizes que guiam a montagem de um altar familiar no estilo do Shin Budismo da Terra Pura. Ele pode consistir, simplesmente, no Nome escrito em caracteres chineses, uma imagem, ou uma estátua do Buda Amida, ou num móvel bastante elaborado, decorado com entalhes e adornado com folhas de ouro.

Como o Darma é o cerne da vida diária, o altar deve ser colocado num lugar que seja central e de fácil acesso a todos os membros da família, como a sala de estar ou o quarto. Pode ser colocado numa prateleira, numa estante, ou numa mesa. A localização na casa não se baseia em crenças supersticiosas. O que importa, realmente, é que todos os membros da família participem dos cuidados do “butsudan”, com flores sempre viçosas e a limpeza das imagens e do próprio móvel.

Ofícios Memoriais – Hôdi
Os Hôdis são os Ofícios Memoriais que sucedem ao falecimento de uma pessoa. Nessa ocasião, a família, parentes e amigos do falecido reúnem-se para relembrar saudosamente a memória do ente querido, seja no templo ou na residência, tendo assim, a oportunidade de ouvir o Darma ao cantar Sutras, ouvir a leitura do Gobunsho (as Cartas de Rennyo Shonin) e a prédica do monge oficiante. Passado o instante da dor e tristeza da perda, segue-se o momento de reflexão mais serena sobre a verdade a respeito da vida e da morte, e de agradecer ao falecido por tudo que ele significou na vida de cada um. E, que, agora, nascendo na Terra Pura e tornando-se Buda, nos proporciona o momento do nosso encontro com o Darma através destes ofícios memoriais.

O primeiro desses ofícios é chamado de Ofício Memorial de Sétimo Dia, realizado exatamente no sétimo dia de falecimento, isto é, incluindo o dia do falecimento. Na tradição budista este ofício é repetido a cada sete dias até completar o ciclo de sete semanas. Porém, hoje em dia, a maioria das famílias realiza somente o ofício de quarenta e nove dias. Torna-se cada vez mais comum antecipar até mesmo o ofício do primeiro dia do ciclo de sete que é realizado logo após o término do sepultamento do corpo, ou seja, assim que termina o ofício fúnebre.

Dos ofícios memoriais sucessivos, há ainda o Ofício de Cem Dias de Falecimento. Depois os ofícios passam a ser realizados no ciclo dos seguintes anos: primeiro, terceiro, sétimo, décimo terceiro, décimo sétimo, vigésimo quinto, trigésimo terceiro e quinquagésimo aniversários de falecimento. Nestes Ofícios dos anos especiais de falecimento, deve-se atentar para a seguinte questão: o Ofício de Primeiro Ano é realizado quando se completa um ano de falecimento da pessoa. Mas, já no seguinte ano, é realizado o Ofício do Terceiro Ano, uma vez que a contagem é realizada incluindo o próprio ano do falecimento da pessoa. Assim, depois de dois anos é realizado o Ofício de Terceiro Ano, e após seis anos é realizado o Ofício de Sétimo Ano de falecimento e assim por diante. Após o Ofício de Qüinquagésimo Ano de falecimento são realizados especialmente a cada cinqüenta anos, isto é, Ofício de Cem Anos, Cento e Cinqüenta Anos e assim por diante. É preciso lembrar sempre que o próprio ano do falecimento da pessoa deve ser incluído nas contagens. Além dos ofícios memoriais citados, há, na tradição budista, o Shôtsuki Meiniti Hôyô, um Ofício Memorial realizado anualmente na data (mês e dia) de falecimento da pessoa. Há também o Meiniti Hôyô que é Ofício Memorial Mensal, realizado no dia do falecimento da pessoa. E, finalmente, há o Tsuitô Hôyô que pode ser realizado sem se preocupar com essas questões do mês ou dia de falecimento da pessoa, a qualquer momento.